20 de mai. de 2009

Pobre da Internet

Houve um tempo, e não faz tanto tempo, em que Internet era algo distante e desconhecido. Computadores eram máquinas gigantescas que ocupavam salas inteiras e consumiam mais eletricidade do que muitas cidades.

Os computadores foram diminuindo de tamanho e a Internet começando a ser utilizada em círculos restritos, já era quase comum ouvir alguém falar em htpp:///www.insira-uma-quantidade-absurda-de-caracteres-aqui.com, geralmente na televisão ou no rádio. E o sujeito falava mesmo o http://www.

O tempo foi passando e os computadores invadindo as casas de quem podia pagar o preço absurdo que custavam; a piada que chamam de banda larga chegou ao Brasil e, lentamente, o preço das máquinas foi caindo, junto da qualidade das mesmas (mas isso já é outra história).

Quando o Orkut deixou de exigir convite para que as pessoas pudessem entrar, já era comum a pergunta “você tem Orkut?” (acreditem, amiguinhos, houve um tempo em que era preciso convite para participar do Orkut; sim, houve também um tempo em que não existia Orkut, pergunte para sua mãe que ela vai confirmar).

Hoje em dia computadores são quase dados de brinde na compra de um celular e só não tem quem não quer, ao menos no Brasil civilizado (de Minas Gerais para baixo, com exceção dos dois Mato Grosso, onde só tem mato).

Isso levou todo tipo de gente para a Internet, levando também comportamentos que normalmente só eram vistos em linchamentos e arrastões.

Esses comportamentos seguem um certo padrão, como podemos ver abaixo:


Seu computador foi comprado nas Casas Bahia, em 0 + 20 prestações, pagas com carnê.

Você escolheu o modelo do seu computador porque era bonito.

Seu sistema operacional é alguma versão do Windows Starter Edition.

Seu Windows Starter mostra logotipos de empresas obscuras ao iniciar.

Seu sistema operacional é um Windows XP piratão, que seu amigo “que entende de computador” instalou por cima do Linux que veio instalado na máquina do programa “computador para todos”, “bolsa computador”, ou coisa parecida.

Você tem Orkut e leva isso à sério.

Você comprou um computador por causa do Orkut e do MSN.

Seu perfil no Orkut exibe Paquistão, Rússia ou qualquer outro país, porque você ainda acredita naquela história de que o Orkut limita o acesso dos brasileiros e, pior ainda, acredita que o nome que você digita em “país” faz alguma diferença.

Seu perfil no Orkut exibe nomes como “Alysson Giori “FrENèTiKo”", “O que vc pensa a meu respeito n me interessa!”, “·◦ƒяลท◦·˙ ® ραηtéℓเ☆”, “Mazzaropi Luto Mamys Nina… te amo”, “Michael-sendo eu Viajando denovo saudades..” , “Aline 100%”…

Seu perfil no Orkut exibe “100%” junto do nome.

Você criou um perfil para seu filho ou filha.

Você criou um perfil para seu gato ou cachorro que morreu.

Você tem um perfil único no Orkut, junto da namorada ou namorado.

Seu perfil único se chama algo como “Mia Bebê! & Pitter mindoin!”, “Sol e maicon muito felizes ” ou coisa pior.

VOCÊ SÓ ESCREVE EM CAIXA ALTA, O TEMPO INTEIRO.

Você deixa um comentário xingando o autor de textos que irritam você.

Você deixa um segundo comentário xingando o autor de textos que irritam você,
porque não leu o aviso em fonte 24px de que os comentários são moderados.

Seus comentários teriam menos erros de português se fossem escritos por um alemão em sua primeira visita ao Brasil.

Você pesquisa tudo no Google.

Você nunca visitou um site digitando a url na barra de endereços, nem sabe para que serve aquilo.

Você têm um BLOG....

Se você se encaixa em algum dos itens acima, parabéns, você é um pobre da Internet.